sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pai de Joanna alega que delegado foi pressionado a indiciá-lo por tortura


André Marins acredita que Ministério Público não vai denunciá-lo.
Delegado diz que ferimentos em Joanna foram produzidos de forma desumana.


Após ser indiciado pela polícia por tortura, o técnico judicário André Marins, pai da menina Joanna Marcenal, de 5 anos, que morreu no dia 13 de agosto após quase um mês em coma, se diz surpreso com o resultado do inquérito. Segundo ele, o delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques, foi pressionado pela opinião pública para tomar a decisão.

“Ele baseou o inquérito em um único depoimento, o de uma ex-faxineira que foi demitida por mim. Não entendo porque esta mulher ficou em silêncio por mais de um mês e depois apareceu misteriosamente. O laudo foi inconclusivo, não apontou origem, pelo contrário disse que os traumas na Joanna foram causados por crises convulsivas e que nenhum machucado foi feito de propósito”, defendeu-se André.

A polícia terminou o inquérito da morte de Joanna na quinta-feira (14). Na manhã desta sexta-feira (15), o caso foi enviado ao Ministério Público (MP), que vai analisar oferece ou não denúncia por tortura ou outros crimes.

Afirmando estar à disposição da Justiça, o pai de Joanna acredita que o MP terá uma postura contrária à da polícia. “O MP tem uma atuação independente de pressões de mídia e a questão será analisada com mais serenidade. Não dá para entender o meu indiciamento pela polícia, já que na terça-feira (12) o delegado disse que não tinha elementos para indiciar ninguém e dois dias depois muda de opinião”, reclamou André.

Crime de tortura: 2 a 8 anos de prisão

O delegado Luiz Henrique Marques, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), disse que  tomou a decisão após o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) e depois de ouvir cerca de 50 testemunhas.
"Eu o indiciei por tortura. No entanto, o MP pode entender que o André também teve intenção de praticar homicídio e assim pode denunciá-lo por outros crimes", afirmou o delegado, lembrando que a pena varia de 2 a 8 anos de reclusão.

O delegado revelou que descartou a hipótese de maus-tratos, por entender que os ferimentos de Joanna foram produzidos de forma desumana. "As lesões praticadas por maus-tratos ocorrem com a intenção de corrigir a criança. Já tortura, é o prazer de machucar e constranger", resumiu.



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