terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Médica Sarita diz à Justiça que Rio Mar é o responsável pela contratação do falso médico

Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

A médica Sarita Fernandes Pereira, acusada de homicídio, na forma omissiva, contra a menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, disse nesta segunda-feira, dia 6, durante interrogatório, realizado pelo juiz do 3º Tribunal do Júri, Guilherme Schilling Pollo Duarte, que não foi responsável pela contratação do falso médico Alex Sandro da Cunha, mas sim a administração do Hospital Rio Mar, da Barra da Tijuca. Na audiência, além da médica, foram ouvidas as duas últimas testemunhas do caso: o “verdadeiro” médico André Lins de Almeida e o delegado da Delegacia de Repressão a crimes contra Saúde Pública, Fabio Cardoso Junior. A criança, que foi atendida três vezes no Hospital Rio Mar, faleceu no dia 13 de agosto, vítima de meningite.

No depoimento, que durou mais de duas horas, Sarita negou ter conhecido o falso médico antes do mesmo começar a trabalhar no Rio Mar e disse que nunca deu ao estudante carimbos ou o orientou a se passar por médico. Segundo ela, Alex Sandro apareceu no hospital em março de 2010, para ocupar uma vaga de pediatra, mas que se apresentou com doutor André Lins de Almeida. Ela informou ao juízo que apenas o entrevistou e indicou que ele levasse todos os seus documentos à secretaria, inclusive o seu CRM. Indagada pela promotora se esse procedimento não significava ter realizado a escolha do médico, Sarita negou dizendo que a contratação foi feita pelo hospital, tal como fizeram com ela tempos atrás. Afirmou que todos os médicos no hospital são pagos mediante apresentação de nota fiscal de pessoa jurídica. Mas que, quando combinava as substituições de plantões com o “doutor André”, ela o pagava com seu próprio dinheiro e, apenas uma única vez o fez com cheque, mas sem nota fiscal. Informou ainda que Alex Sandro fez cerca de 10 plantões para ela.

Sarita atendeu a menina Joanna, no dia 17 de julho, com o nome de Maria Eduarda, levada ao hospital pela madrasta com “franca crise tônico-convulsiva”. Afirmou que a criança foi imediatamente encaminhada à emergência, onde foi examinada e medicada de forma a fazer cessar a crise. Afirmou que em 20 minutos a menor já estava mais calma. Ela disse que não verificou febre, problemas no ouvido, garganta, abdômen, nem hematomas nos membros superiores, mas sim nos inferiores e que imaginou terem sido causados durante o transporte ao hospital.

A médica revelou que somente percebeu que a menina tinha outro nome quando o pai, André Marins, que chegou uma hora após a internação, chamou a criança de Joanna. Ela reafirmou que solicitou exames de sangue e tomografia, e que a troca do nome da criança nas fichas a teria prejudicado, pois não colocaram esse pedido no cadastro correto, uma vez que constava o nome de Maria Eduarda.

Sarita Fernandes disse que também pediu ao psicanalista do Rio Mar que examinasse a menina após saber, durante a anaminese, sobre a relação conflituosa entre os pais da criança. Disse que o pai informara que a menina tomava medicação neurológica, mas que a mãe se negava a falar o nome dos remédios. Segundo a médica, era importante que a mãe soubesse do estado da filha e que André Marins simulou ligar para ela, mas acabou dizendo que a ligação não se completava.

Sarita disse que saiu para realizar outros atendimentos, mas quando retornou, após o exame do psicanalista e do doutor Joe, que o pai disse que levaria a menina embora porque ela já estava bem e que ele precisava levá-la ao seu neuro-pediatra, porque senão perderiam a consulta que estava agendada para aquele dia. A pediatra contou que voltou a examinar Joanna, que estava bem, e reafirmou a importância daquela consulta com o especialista. Disse que deu o número de seu celular para que o pai mandasse o neuro conversar com ela.

Segundo a médica, Alex Sandro, o falso médico, ligou para ela no dia 18, sábado, dizendo que a menina voltara para o Rio Mar e que não estava nada bem. Ela disse que o alertou para o fato de a família ser complicada e que Alex queria apenas saber se haveria pediatra no domingo, o que ela respondeu que não. A médica afirmou que Alex disse que mandaria internar Joanna e que o pai não havia levado a criança ao neuro. Ela havia frisado ser importante internar a menina.

Sarita Fernandes Pereira disse que no dia 19, domingo, o pai ligou para ela perguntando se havia pediatra no Rio Mar. Segundo ela, ao saber que naquele dia não havia tal médico, André quis saber se poderia esperar. De acordo com a médica, ela falou que era urgente a hospitalização, pois a criança corria risco de vida.

O juiz do 3º Tribunal do Júri, Guilherme Schilling, começou a ouvir hoje, a partir das 19 horas, as testemunhas de acusação do processo referente ao falso médico, que foi desmembrado porque o acusado se encontra foragido.
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Processo nº 0251581-19.2010.8.19.0001
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