Hospital Rio Mar diz que pediatra foi responsável direta pela contratação.
Joanna, de 5 anos, morreu em agosto em decorrência de uma meningite
A médica Sarita Fernandes Pereira afirmou, nesta segunda-feira (6), durante audiência no 3º Tribunal do Júri, no Rio, que não foi responsável pela contratação do falso médico Alex Sandro da Cunha, mas sim a administração do Hospital Rio Mar, da Barra da Tijuca. A médica é acusada de homicídio, na forma omissiva, contra a menina Joanna Joanna Cardoso Marcenal Marins. A menina, de 5 anos, morreu em decorrência de uma meningite contraída do vírus da herpes, em agosto. As informações foram confirmadas pela assessoria do Tribunal de Justiça, que divulgou nota sobre o caso nesta noite.
Procurada pelo G1, a assessoria do Hospital Rio Mar informou que Sarita foi a responsável direta pela contratação do falso médico, já que estava havia 5 anos na unidade e atuava como coordenadora da pediatria. Ainda segundo o Rio Mar, Sarita teria orientado o estudante a trabalhar somente à noite e, ainda, evitar conversar com outros funcionários para não levantar suspeitas. O hospital informou também que a pediatra já havia trabalhado com o falso médico em outro hospital.
Durante audiência, Sarita, que está presa desde o dia 14 de agosto em Bangu 8, negou ter conhecido o falso médico antes de ele começar a trabalhar no Rio Mar. Além disso, afirmou que nunca deu ao estudante carimbos ou o orientou a se passar por médico. Segundo ela, Alex Sandro apareceu no hospital em março deste ano para ocupar uma vaga de pediatra e se apresentou como médico. O falso médico, que é acusado de atender e liberar desacordada a menina Joanna, continua foragido.
Em juízo, Sarita disse que o entrevistou e indicou que ele levasse todos os seus documentos à secretaria, inclusive o seu CRM. A promotora questionou a médica perguntando se esse procedimento não significava ter realizado a escolha do médico, mas ela negou dizendo que a contratação foi feita pelo hospital, assim como aconteceu com ela quando foi contratada.
Médica atendeu Joanna em julho
Sarita disse que todos os médicos no hospital são pagos mediante apresentação de nota fiscal de pessoa jurídica. Mas que, quando combinava as substituições de plantões com o médico que se passava por "doutor André", ela o pagava com seu próprio dinheiro e, apenas uma única vez o fez com cheque, mas sem nota fiscal. Sarita disse ainda que Alex Sandro fez cerca de dez plantões para ela.
A médica conta que atendeu a menina Joanna no dia 17 de julho, com o nome de Maria Eduarda, levada ao hospital pela madrasta com "franca crise tônico-convulsiva”. Segundo ela, a criança foi encaminhada para emergência, onde foi examinada e medicada. Segundo a médica, após 20 minutos, a menina já estava mais calma. Sarita disse que não verificou febre, problemas no ouvido, garganta, abdômen, nem hematomas nos membros superiores, mas sim nos membros inferiores e que imaginou terem sido causados durante o transporte ao hospital.
De acordo com a nota divulgada, Sarita afirmou que só percebeu que a menina tinha outro nome quando o pai, André Marins, que chegou uma hora após a internação, chamou a criança de Joanna. Ela reafirmou que solicitou exames de sangue e tomografia, e que a troca do nome da criança nas fichas teria prejudicado o pedido dos testes.
Psicanalista avaliou Joanna
Ainda na audiência, a médica disse que pediu ao psicanalista do Rio Mar que examinasse a menina após saber sobre a relação conflituosa entre os pais da criança. Segundo ela, o pai da menina informou que a menina tomava medicação neurológica, mas a mãe se negava a falar o nome dos remédios. Segundo a médica, André Marins simulou ligar para a mãe de Joanna, mas acabou dizendo que a ligação não completava. O pai da menina também está preso desde o dia 25 de outubro pelos crimes de tortura com dolo direto e homicídio qualificado por meio cruel.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/12/medica-do-caso-joanna-nega-que-tenha-contratado-falso-medico.html
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