quarta-feira, 17 de agosto de 2011

R7 entrevista Cristiane Marcenal no dia em que faz 1 ano da morte de Joanna Marcenal



C

“A sensação é que vou sofrer o resto da vida”,
diz mãe da menina Joanna após um ano

Pai e madrasta são acusados de torturar menina de cinco anos no Rio
Tainá Lara, do R7 | 13/08/2011 às 06h00
Arquivo Pessoal
Cristiane e Joanna
Cristiane conta que quando fecha os olhos ainda consegue ver o sorriso da filha

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No dia 13 de agosto de 2010, Cristiane Marcenal 
viveu o pior dia de sua vida. A filha de apenas 
cinco anos morria em consequência de procedi-
mentos médicos errados e maus tratos. A menina
 Joanna Cardoso Marcenal Marins não resistiu a uma
 meningite, tinha marcas de queimaduras e hemato-
mas pelo corpo.
Ela ficou 26 dias internada em coma e morreu após
 ser medicada por um falso médico, identificado 
como Alex Sandro da Cunha Silva. O advogado André
 Rodrigues Marins e Vanessa Maia Furtado, pai e madrasta da menina Joanna, são acusados de torturar
 a criança, que estava sob a guarda deles.


Um ano após a morte, a Justiça decidiu que a pediatra Sarita Fernandes e o estudante de medicina 
Alex Sandro da Cunha vão a júri popular. Já para Marins e Vanessa foi negado o pedido do Ministério
 Público.


Em uma entrevista exclusiva ao R7, Cristiane contou como está sua vida após a morte de Joanna.
 Casada, ela tem dois filhos de três anos, trabalha como médica e luta todos os dias para superar 
a dor da perda. Veja abaixo o depoimento emocionado da mãe no aniversário de morte da filha.


Um ano atrás
- Os dias de visitação eram intercalados, mas quando não podia ficar como mãe, acompanhava 
como médica. No dia 12 de agosto, era o meu dia. Eu me lembro que ela estava muito inchada.
 Parecia um balão inflado de tão inchada. Ela já estava com insuficiência renal. Joanna estava 
desfigurada. Há um ano eu estava vendo uma das piores cenas da minha vida, que era ela no 
hospital com aqueles tubos. Eu sabia como médica que ela não ia durar muito, que não passaria
 daquele dia.
Acostumando com ausência
- Desde a morte da Joanna estou vivendo assim, tentando me acostumar com a ausência. 
Não dá para ser diferente, não dá para achar que ela não existia. Quando coloco as crianças para
 dormir eu fico vagando pela casa, sentido aquele vazio. Sozinha eu só consigo pensar nisso. 
Já passou um ano, mas ainda é muito difícil. A sensação é que vou passar o resto da vida sofrendo. 
Parece que não vai acabar nunca. Eu queria encontrar o caminho mais fácil, mas descobri que não existe.
 Estava conversando com a mãe da menina Isabella Nardoni [morta ao cair da janela em São Paulo em 2008]
 e perguntei: como a gente consegue viver com isso? Ela me respondeu: "Cris, não consegue. A gente 
sobrevive".
cristiane grávida e joanna

Justiça
- Eu tinha uma esperança boba de que em um ano estaria tudo resolvido. Eu costumo dizer que quando 
você perde um filho, você o enterra e volta para casa para chorar. A Joanna eu não consegui enterrar;
 todo dia ela volta para minha vida. Eu preciso lidar sempre com uma “nova” morte dela. Não consigo 
acabar com esse sofrimento, lidar com o meu luto e tocar minha vida a diante. Achei uma alegação 
infeliz do juiz que decidiu por um julgamento simples para o pai e para madrasta. Ele disse que não 
houve crime contra a vida. Eu sei que eles lidam com a Justiça e com as leis, mas eles estão falando 
de um filho que ninguém vai substituir. 
Mãe e filha
- Eu ainda sinto o cheiro da Joanninha, ouço a voz. Se eu fechar os olhos, consigo ver o sorriso dela
 me abraçando. Quando eu chegava em casa, ela fazia uma festa. Não importava se chegava do trabalho 
ou da padaria, ela me abraçava e me beijava, parecia que estava há meses sem me ver. Até hoje me
 pego pensando nisso tudo, mas quando abro a porta de casa e ela não está mais lá.


Irmãos
- A Catarina [filha de Cristiane] começou a chamar as bonecas de Joanna. Já o João Ricardo [filho de
 Cristiane] se tornou extremamente agressivo, mas a psicóloga me explicou que isso é normal. Ela 
disse que é o jeito dele de dizer que não gosta da situação, de ter perdido a irmã. Às vezes parece 
que eles têm impressão que a irmã vai voltar. Eu achei que para eles seria muito mais rápido se 
esquecerem dela porque tinham apenas dois anos e meio quando tudo isso aconteceu. Mas eles 
não esquecem. Eu deixo as crianças pensarem que ela virou uma fada ou uma estrela. Quando 
tiverem entendimento e me perguntarem, eu quero sentar com eles e contar tudo o que aconteceu.
 Tenho medo de algum amiguinho da escola contar de uma maneira errada. 
menina joanna

Datas especiais
- Eu estava com muito medo do dia do aniversário dela, no dia 20 de outubro. Não não sabia o que podia
 acontecer, tinha medo de ficar doida. Já no Dia das Mães, eu me reuní em família. Foi um dia muito 
solene, todos muito preocupados comigo. Nesse dia eu tentei não ficar chorando o tempo todo para
 não estragar a festa de ninguém. Tudo o que eu não queria era estragar o Dia das Mães de todo mundo.
 Agora está sendo muito difícil porque me dei conta que já se passou um ano. É muito tempo para viver
sem uma filha. Eu me pergunto como eu conseguí sobreviver tanto tempo sem ela.


Volta ao trabalho
- Quando a Joanna estava no hospital, cheguei a pensar em não ser mais médica. Pensava que não teria
 coragem de continuar na profissão. Mas eu tenho vocação para isso, eu adoro atender gente. Eu só 
conseguí voltar ao trabalho em janeiro. Não tinha como tratar a dor dos outros antes, se a minha era 
a maior de todas. Agora os pacientes já sabem de toda a história, me dão muita força.  Voltar ao trabalho
 está sendo uma grande terapia. Está me fazendo perceber que eu ainda tenho papel na vida.


Futuro
- Eu e Ricardo estamos casados há pouco tempo, nossos filhos só têm três anos. Estamos começando
 uma família. Eu não estou naquela fase onde os filhos estão criados e eu posso sentir a minha dor.


 Eu tenho que dar um jeito da minha família ser feliz!


FONTE:

3 comentários:

  1. O SORRISO DE JOANNA!!!

    Doce Joanna..
    Seu sorriso denuncia...
    Felicidade plena...Cumplicidade...admiração...seu eterno amor por sua mãe... e sua família...
    É assim que lembraremos de você eternamente...assim que a JUSTIÇA FOR FEITA!!!
    VIVERÁ ETERNAMENTE EM NOSSOS CORAÇÕES!!!
    FORÇA CRISTIANE, CONTINUAMOS COM VOCÊ!!!
    Denise

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  2. Voce vai conseguir... pois Joanna vai estar olhando por tds vcs! K DEUS acalme seu corção...

    Um abraço bem forte e muita força....
    Patricia

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  3. Cristiane, até hoje me comovo demais com o que aconteceu com voce. É tudo muito triste. Acompanho desde o início, na tv e internet. Tenho um filho com 20 anos e outro (de coração) com 5 anos. Não sei se suportaria passar por isso, não gosto nem de imaginar. Perder um filho um filho deve ser a maior dor do mundo, ainda mais nestas condições. Toda vez que leio alguma noticia ou me lembro do ocorrido, peço a Deus que te dê forças para continuar sua vida, pois afinal de contas tem os outros filhos que precisam tanto ainda de voce. Forças, amiga, Deus está contigo.
    Eliana de Bangu RJ

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