Caso Joanna Marcenal

“Somos uma família de 5 pessoas.” Afirmação do João Ricardo tomando banho.

Ponto final. Jamais descordarei.

Quando a Joanna se foi uma das facetas de minha dor era saber que meus filhos talvez não se lembrassem da irmã que só me fez uma recomendação antes de ir: “cuide dos meus irmãos.”

Deus ouviu minhas orações e meu desejo mais profundo: a Joanna faz parte da família pra eles. Está no céu, sobre as nuvens guardada por Deus,  que cuida de nós.

Termina o mês de outubro: cheio de datas das quais me lembro bem.( Sou muito boa para guardar datas, números e textos – confirmem os advogados de André que se surpreenderam com minha precisão de datas – se fosse a filha deles talvez soubessem muito mais)

Meu outubro começa no dia 12 quando sempre fazíamos a maior bagunça pelo feriado e pelo dia das crianças. Normalmente num passeio muito gostoso cheio de tudo que é importante: o que as crianças desejam. Era o dia deles.

Logo após dia 15, dos professores, mas dos gêmeos, IMPORTANTÍSSIMO : primeira festa à vista.

A segunda acontecia numa linda casa de festas ,sempre com duas roupas para cada aniversariante numa festa temática M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A, registrada na história da família para sempre.

Dia 20 vem a terceira, aniversário da Joanna, que completaria 7 anos.

Nesse ano, de novo, silêncio.

Dia 18, dia dos médicos, sempre comemorado porque a mamãe é médica. Agora só silêncio. Foi por negligência médica que a Joanna não foi salva das mãos de seus torturadores.

Dia 25, ano de2010, o pai de Joanna é preso. PRESO!!!!

Por torturar e levar à morte a primeira filha. Que desgraça!!! Um monstro finge que é homem, habita entre nós e nos dá seu banquete de terror.

Dia 31 aniversário de minha avó, que apesar de ter sido madrasta amou meu pai e tios tanto que por eles foi honrada até o último dia de sua vida. Ela tratou de buscar entre os achados de meu falecido avô uma foto de sua primeira mulher, Joanna, cujo nome minha filha herdou, para que quando crescesse pudesse conhecer sua bisavó. (Ela conheceu porque amava tanto aquela bisa que era madrasta. Sofreu com a morte da bisa, logo depois foi ao seu encontro). Nunca viu a foto da Joanna que inspirou seu nome. Encontaram-se no céu, as três: A bisa Clélia, a bisa Joanna e a minha Joanna.

Logo depois vemos novembro chegar e o dia de finados.

Dia de homenagear os mortos.

Feriado nacional.

Eu homenageio minha filha todos os dias, quando mostro aos meus filhos que é preciso continuar.

Meu desejo sincero é deitar, chorar a minha desgraça e não mais me levantar.

Mas o dia renasce e com ele as misericórdias do Senhor que se renovam todos os dias e são a causa de não ser consumida pela minha dor.( Lam 3:22)

Antes de entregar-me ao desejo de não sair da cama pela manhã ouço a voz de Deus que me diz: TENHA FÉ E CORAGEM. 
CONFIE EM DEUS, O SENHOR! (Salmos 27:14)

E lá vou eu, começar outro dia sem a Joanna.